Eram seis horas da manhã de uma quinta-feira quando a nossa equipe pegou a estrada, rumo ao município de Nazária, a 31 quilômetros de Teresina. Lá, subimos uma pequena ladeira e chegamos ao povoado Campestre. Fomos conhecer um projeto de agricultura familiar irrigada, que pode servir de modelo para os demais municípios piauienses. Quem coordena os trabalhos é o presidente da Associação dos Irrigantes do Campestre, Antônio Cornélio. Muito simpático e feliz com a presença da Revista Piauí Agrobusiness, ele nos mostrou cada detalhe dos 8 hectares de terras. O projeto nasceu há 13 anos, graças à solidariedade do seu Cornélio, que fez a doação de 4 hectares de terra; e do senhor Manoel Raimundo, que doou mais 4 hectares. Nesse pedaço de chão, foi plantada a semente de um projeto que hoje rende muitos frutos. O único incentivo do poder público foi justamente no início de tudo, com a distribuição de sementes, adubo e o sistema de irrigação. Mas foi o trabalho e a força de vontade dos agricultores locais que fizeram o projeto crescer e chegar ao sucesso. Aqui, são cultivados melancia, quiabo, feijão, milho, macaxeira e maxixe. A rotação de cultura acontece o ano inteiro, o que representa trabalho e colheita durante todos os meses. Tudo é monitorado por um engenheiro agrônomo, pago pela associação. Deste local, antes desacreditado em potencialidade, cada família chega a receber uma renda mensal de R$ 5 mil. O que é produzido na propriedade abastece as próprias famílias e o restante é comercializado em Nazária e Teresina. "Não apenas vendemos produtos agrícolas. Nós oferecemos ao mercado produtos de altíssima qualidade", comemora o senhor Cornélio. O projeto de agricultura irrigada no Campestre deu tão certo que é considerado modelo em geração de emprego em renda e produtividade. Ao caminhar no meio das plantações, os agricultores familiares revelavam ter prazer em cuidarem do plantio. "Isso aqui é nossa vida", disse um deles, timidamente. Somente a despesa mensal com energia chega a R$ 1.000,00. No fim desta reportagem, há fotos de uma visita de alunos de uma escola da própria comunidade, que, apesar de serem da região, ainda não conheciam este projeto de sucesso. O objetivo da atividade extraclasse foi incentivar o gosto pela atividade, visto que muitos jovens não querem seguir a profissão dos pais e passam a morar mais cedo nos grandes centros urbanos. As crianças foram recebidas com suculentas melancias, tiradas na hora. Projeto não cresce por falta de incentivo O projeto de agricultura irrigada no povoado Campestre não é só alegria. O coordenador dos trabalhos, Antônio Cornélio, fez um desabafo. “Não somos vistos pelo governo. Os nossos políticos poderiam nos ajudar e incentivar outras comunidades rurais a terem uma boa renda sem precisar abandonar o campo. Um bom exemplo de incentivo seria se o governo comprasse nossa produção para a merenda escolar. Uma vez, de uma produção de R$ 100 mil, o governo se dispôs a comprar apenas R$ 13 mil e ainda exigiu uma burocracia enorme. “Nossos produtos são perecíveis, não aguentam esperar tanto tempo e, por isso, deixamos essa negociação de lado”, reclama Cornélio, que ainda complementou: “Os políticos fazem muita propaganda, mas a realidade é outra. Quem mora no campo sabe! O governo viciou muita gente que não precisa destes programas de renda, enquanto nós, que gostamos de trabalhar, não recebemos nenhum incentivo para o negócio crescer”, disse o agricultor. Fonte: Revista Piauí AgroBusiness
Foto Ilustrativa(Google)

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